Lima Barreto (19/03/2023)
Toda semana em que eu estou focado numa boa leitura já sei que a semana que se inicia poderá ser mais calma e equilibrada. Não sei se com vocês é assim também.
Digo isso porque nem sempre é assim comigo. Às vezes, custa tempo até encontrar um livro que me gere uma boa compulsão. Ou seja, que esteja comigo a todo momento, para ser lido na espera de uma audiência, no intervalo do almoço ou à noite, em casa.
Esta semana estou sentindo isso com este romance do Lima Barreto e que recomendo muito a leitura, mesmo ainda faltando algumas páginas para terminá-lo. (fantástico isso)
É que o livro impacta muito e já nas primeiras linhas mostra para o que veio.
Fui atrás do Lima Barreto após a Katia Suman, no Sarau Elétrico da última terça, no Bar Ocidente, aqui em Porto Alegre, ler textos do Diário do Hospício dele e me convencer a voltar a ler Lima Barreto.
Numa e a ninfa, de verdade: é uma obra prima para se entender o Brasil de hoje. E serve muito para análises do Direito.
É impressionante como Lima Barreto soube tratar de sérios problemas do Brasil que, até hoje, fazem parte de nosso cotidiano.
Neste romance ele critica as instituições da república de uma forma tão atual que a sensação que se tem é que ele viveu os últimos 20 anos de Brasil e escreveu o romance ano passado, vindo a concluir o livro no período das eleições presidenciais. (coitado kkkk)
O livro me reforçou a ideia antiga de que nossos problemas estão muito relacionados com a falta de educação da população brasileira em todas as classes sociais. Falta de educação material, e não formal.
Povo que tem educação não deveria oferecer e aceitar propina. Povo que tem educação deveria devolver para o garçom o valor recebido a mais no troco do restaurante. Povo que tem educação não deveria confundir o cargo com a pessoa que o ocupa. Ao menos não nos níveis que ocorrem no Brasil. E nós, brasileiros, sabemos bem como estes hábitos fazem parte do nosso cotidiano.
O livro mostra como nossos vícios e costumes são os mesmos do século XIX, e como por aqui ainda se valoriza mais a esperteza do que a inteligência.
Um livro fantástico! Leitura obrigatória.
Lima Barreto é o cara.